DAIANE FAGHERAZZI

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Farroupilha, Rio Grande do Sul, Brazil
Formada em Letras/Português (PUCRS - 1998/2002) com Pós-Graduação no Ensino de Língua Portuguesa (PUCRS - 2003/2004) e Mestrado em Linguística Aplicada (PUCRS - 2006/2007).

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vidas em Português - Daiane Fagherazzi

Vidas em Português

Língua materna em vários lugares do mundo - Brasil, Portugal, Goa (Índia), Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Macau (China) e Japão - a Língua Portuguesa é garantida com uma variedade de culturas e de realidades sociais, políticas, que influem na vida dos falantes.
O uso da língua portuguesa em diferentes culturas é o tema do documentário Língua: Vidas em Português, primeiro longa-metragem do moçambicano radicado no Brasil, Vitor Lopes, que aborda particularmente a pluralidade cultural da língua portuguesa. Este documentário é desenvolvido a partir de uma análise feita do ponto de vista dos próprios falantes, que também representam a seu modo de ser, a sua língua e sua situação cultural, social e ideológica nos diferentes locais nos quais vivem. Entre as pessoas envolvidas, estão estudantes moçambicanos habitantes de Portugal, um cozinheiro brasileiro que vive em Tóquio, indianos que vivem em Goa, entre outros. Ilustres personalidades como os brasileiros Martinho da Vila e João Ubaldo Ribeiro, os portugueses Teresa Salgueiro e José Saramago, o escritor moçambicano Mia Couto se mesclam aos anônimos de todas as partes do mundo mostrando, mediante as ações do cotidiano, a relação que eles têm com a língua,
Segundo José Saramago, há línguas portuguesas e não uma só língua portuguesa. Essas línguas são, ao mesmo tempo, iguais e diferentes. Sabemos que a linguagem dos seres humanos passou de um estado primitivo e foi se tornando um sistema bastante complexo. As línguas estão sempre em constante modificação/evolução, conforme a realidade do falante. Ela se adapta ao momento: é viva. Em se tratando da língua portuguesa, pensá-la como uma entidade homogênea não é cabível.
Seria relevante se nesse documentário houvesse um olhar filológico de um linguista, que pudesse analisar as diferenças de sintaxe, pronúncia e léxico dos falantes. Seria interessante se a Linguística (estudo da linguagem humana) tivesse atuado, já que ela observa e interpreta os fenômenos linguísticos e com isso depreende os princípios fundamentais que regem a organização e funcionamento das línguas, neste caso, a portuguesa. Dessa forma poderia ser desenvolvido um trabalho ressaltando as diversidades como, por exemplo, o linguajar do pastor evangélico e vendedor ambulante do Rio de Janeiro, o falar do escritor João Ubaldo, os dizeres e cantares de Martinho da Vila, as preciosas construções de Saramago.
Como a obra apresenta riquezas linguísticas, explorar os diferentes discursos, os dialetos proporcionaria um valioso trabalho também na área da semântica (estudo do significado em todos os sentidos do termo) e da pragmática (estudo da linguagem no contexto de seu uso na comunicação). Teríamos certamente belas pesquisas a serem vistas, discutidas, apreciadas.


Daiane Fagherazzi





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