A noção de resumo nas séries do ensino fundamental está relacionada à ideia de redução de um texto. Há vários tipos de redução. Há a redução gráfica, optando-se por uma fonte de letra ou espaçamento entre linhas menor.
Há a redução extensiva, que exige uma alteração na forma, mas não no conteúdo. Assim, são escolhidas expressões, palavras, conectores de sentido equivalente para substituir outros de maior tamanho. Por exemplo, a oração:
Minha mãe e meu pai ainda não regressaram em razão das fortes chuvas.
Meus pais ainda não retornaram por causa das fortes chuvas.
Meus pais ainda não voltaram por tem chovido demais.
Há a redução seletiva, que exige eliminação de informações do texto original consideradas menos importantes. Ela exigirá do leitor uma olhar crítico, seletivo. Geralmente são eliminadas as introduções textuais não significativas, explicações de termos desnecessárias, exemplificações secundárias, redundâncias, informações sem decorrência textual, digressões, etc.
O trecho a seguir faz parte de um texto que escrevi originalmente para o Canal da Imprensa. Veja algumas justificativas para controlar com certa rigidez a televisão em casa.
E por que tanta rigidez?
1. Porque a TV é para muitos um poder sem controle ou só com controle remoto. Para mim, é um poder a ser controlado diariamente, a pequena distância.
2. Porque acredito que sem supervisão, minhas filhas saberão mais sobre o mundo dos gnomos, fantasmas, super-heróis, tal como apresentados na maioria dos programas infantis brasileiros, do que sobre o mundo delas descrito nos livros de ciências naturais.
3. Porque não quero que a educação formal se apresente a elas como algo tedioso, pelo qual percam o interesse mesmo antes da alfabetização.
4. Porque quero minhas filhas mantendo uma linha direta comigo e não com as apresentadoras que ditam regras de comportamento, vestuário e incentivam os pequenos que as assistem a consumirem suas marcas.
5. Porque quero desenvolver nelas a consciência para dizer NÃO e a capacidade para saber dizer SIM ao que é belo, estético, com valor cultural, produto da vida simples, nacional.
Aplicada a redução seletiva nesse trecho, com 152 palavras na versão original, obteve-se o seguinte resultado: 90 palavras. Ei-lo:
E por que tanta rigidez?
1. Porque a TV, ao contrário do controle remoto, deve ser controlada a pequena distância.
2. Porque sem supervisão, minhas filhas saberão mais sobre seres fantásticos do que sobre os seres do mundo delas.
3. Porque quero que o interesse delas pela educação formal mantenha-se mesmo após a alfabetização.
4. Porque quero minhas filhas mantendo contato comigo, e não com apresentadores que controlam e influenciam comportamentos consumistas.
5. Porque quero desenvolver nelas a consciência e a capacidade para escolhas de valor estético-cultural, fruto de uma vida simples.
Há ainda a redução estética, aplicada em casos especiais, quando o texto original necessita da supressão de segmentos desnecessários porque são de mal gosto, imprecisos, redundantes, ou ainda caracterizam-se como circunlóquios, etc.
O mesmo texto analisado anteriormente, mas ao final, encaminha-se para uma conclusão da seguinte maneira:
Por tudo isso e muito mais deve haver limites ao consumo da TV bem como pensá-la como instrumento de educação permanente e continuada.
Professores e alunos de iniciação científica do curso de Jornalismo poderiam auxiliar na capacitação de outros alunos e professores dos cursos de Pedagogia, Educação Artística e outros com licenciatura a lidarem com a linguagem audiovisual em sala de aula, além de incorporá-la ao currículo, integrada a outras mídias interativas.
Constatam-se algumas repetições e palavras desnecessárias que poderiam ser resolvidas. Ei-las:
Por tudo isso e muito mais deve haver limites ao consumo da TV bem como pensá-la como instrumento de educação permanente e continuada.
Observe como seria aplicada a redução estética:
Por tudo isso e muito mais deve haver limites ao consumo da TV. É preciso bem como pensá-la como instrumento de educação permanente e continuada.
Cortando as palavras desnecessárias, resolvendo as repetições e fazendo ajustes mínimos, teríamos este resultado: de 72 palavras para 56 palavras!
Por tudo isso, deve haver limites ao consumo da TV. É preciso pensá-la como um instrumento de educação permanente.
Professores e alunos de iniciação científica de Jornalismo poderiam auxiliar na capacitação de outros de licenciaturas distintas a lidar com a linguagem audiovisual em sala de aula, além de incorporá-lo ao currículo, integrada a outras mídias alternativas.
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