DAIANE FAGHERAZZI

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Farroupilha, Rio Grande do Sul, Brazil
Formada em Letras/Português (PUCRS - 1998/2002) com Pós-Graduação no Ensino de Língua Portuguesa (PUCRS - 2003/2004) e Mestrado em Linguística Aplicada (PUCRS - 2006/2007).

sábado, 17 de novembro de 2012

Olimpíada da Língua Portuguesa em São Paulo - etapa regional

A Olimpíada da Língua Portuguesa foi muito emocionante. Tivemos quatro dias de muito aprendizado e companheirismo. Valeu por tudo que passamos. Uma experiência que ficará marcada para sempre. Cabe destacar que foram 3 milhões de textos em todo o Brasil nos gêneros memórias, poemas, crônicas e artigo de opinião. A Kassiane ficou entre as 125 melhores do Brasil - no gênero memórias - com medalha de bronze. Valeu, querida. Tu és uma vencedora.

No avião da Gol, partindo para São Paulo.

Aproveitamos para ler toda a viagem, né, Kassi?


Cerimônia da entrega de medalhas - Hotel Novotel

A MEDALHA É DE BRONZE, MAS
NÓS SOMOS DE OURO!


Nós somos apaixonadas por leitura...


Praça da Sé - São Paulo



Estudamos bastante...

Professoras amigas e vencedoras. Elas vão para Brasília.











Livros que ganhei em São Paulo.
Ótimo investimento.






Kassiane curtiu os amigos "Fernandos" Pessoa na Rua 25 de Março. Esta rua também é cultura, minha gente. Recebemos inclusive um poema do ilustre escritor.













Eu e Kassiane tivemos a oportunidade de ir ao Museu da Língua Portuguesa. Foi um banho de conhecimento, cultura, boas sensações...




















Kassiane Custódio de Carvalho


ENTRE BOLAS E FANTASIAS
Tudo mudou, mas belas imagens recompõem cenários adormecidos na minha memória...
Quando eu era pequena, aos domingos, nos reuníamos com amigos em São Marcos, interior da cidade de Farroupilha, Rio Grande do Sul. Brincávamos de amarelinha, futebol. Subíamos em árvores. Meu forte era o campo de futebol. Me achava a zagueira, apesar de me adaptar a qualquer brincadeira. Parecia atleta. Amava ver e fazer teatro. Diziam que era pecado, algo proibido. Eu fazia o papel de Carmem Miranda. Frutas e afins bailavam sobre minha cabeça.
Naquela época não havia carro. Usávamos carroça. Ia ao centro da cidade com meu pai. De lá partíamos a Caxias do Sul, cidade vizinha, de trem. Me sentia gente grande. Minha alegria era comer pão d'água e tomar gasosa, uma espécie de refrigerante. Chegávamos a casa à noite. O dia passava tão depressa. Dava a sensação de que a noite parecia haver engolido o dia.
Energia elétrica não existia, então os temas eram feitos à luz de um lampião. O cheiro daquilo era muito forte e impregnava no ambiente.
Minha casa era bem grande, dois andares. Ela representava um palácio para mim. Era a princesa em busca do príncipe encantado. Quando dava um temporal muito forte, na parte superior, tinha a imagem da Santa Bárbara. Íamos até lá e rezávamos para a chuva cessar.
Ao redor da casa, havia cinamomos e camélias, o forno e o tanque de ensaboar. Típica paisagem de interior. Eu amava morar ali. Sentia o frescor do mato, o vento das árvores, a beleza da natureza. O ar do local tornava tudo mágico. Acho que até meus medos e tristezas se iam quando soprava o vento serrano.
Em dia de colégio íamos de avental branco. Eu ficava literalmente ensacada. Era até engraçado. Nos pés calçávamos tamancos. Parecíamos médicas. Mas nem tudo era perfeito. No inverno meus dedos sangravam e faziam calos. Não me queixava. Aquela era minha vida. Eu era feliz assim. Por sorte tinha a Pinhona, uma égua de estimação. Aquele bichinho era meu amor. Com ela ia ao centro vender milho e retornava para casa trazendo farinha. Quando meu pai a vendeu juntamente com a casa, não fiquei triste. Uma família conhecida ia ficar com ela. Gente do bem.
Naquele tempo não havia perigo de sair na rua como hoje. Íamos ao parquinho onde havia balanços, meu brinquedo preferido. Eu sempre dizia a quem me empurrava: “Me manda pro céu. Quanto mais alto, melhor!". A sensação era de voar. Asas pareciam fazer parte do meu corpo. Um tempo inesquecível.
Quando saí do interior, meu pai começou a beber. Eu rezava para ele melhorar. Ele chorava quando bebia. Era um vício. Sempre acreditei na sua recuperação, pois ele era meu herói. Continuei meus estudos em um colégio do centro chamado Nossa Senhora de Lourdes. Lá estudavam pessoas muito preconceituosas. Diziam que quem vinha da colônia era burro. Além disso, tinha muita dificuldade em matemática. Acho que foi por esse motivo que decidi ser professora, ajudar os outros a pensar.
Hoje não sou mais aquela menina ingênua e sonhadora. Ainda carrego traços dela, mas vivo o agora. Agradeço por tudo que passei. Me serviu de lição. Não guardo rancor de ninguém, de nada. Aprendi a ter muita fé em Deus, confiar em mim e acreditar que tudo é maravilhoso, basta entender e aceitar os fatos como uma escola de oportunidades.
Diariamente cenas desfilam e dialogam dentro de mim...
Obrigada, garotinha, por me embalar com seu sorriso puro e me encantar com os acontecimentos simples da vida.
Baseado na história de Riciene Peccin Fagherazzi, 66 anos - Farroupilha
Veja o vídeo da Etapa Regional em São Paulo
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iLG-Zg-aMVw

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