DAIANE FAGHERAZZI

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Farroupilha, Rio Grande do Sul, Brazil
Formada em Letras/Português (PUCRS - 1998/2002) com Pós-Graduação no Ensino de Língua Portuguesa (PUCRS - 2003/2004) e Mestrado em Linguística Aplicada (PUCRS - 2006/2007).

terça-feira, 11 de setembro de 2012


A partir do filme “Escritores da liberdade” foi sugerida a tarefa de se colocar no papel de um dos alunos (personagens) e relatar o sentimento vivido  por eles.  Destaco três textos.  Ei-los:


Guerra à sobrevivência

                Isso aqui é uma guerra, provocada por pessoas irracionais que não podem lutar. E quem vai lutar? Quem vai fazer o trabalho sujo deles? Nós, os viciados; nós, os vândalos, nós, os gângsteres, só para sermos reconhecidos, sermos respeitados por aqueles que você sabe que não valem a metade de seu respeito. Você sabe disto, mas não liga. Agora você já entrou nesta vida e não pode mais sair. Não é mais uma questão de ser respeitado ou de ser reconhecido, mas de sobrevivência.

        Eles sabem onde moramos, sabem onde estudamos e onde trabalhamos, e por que não fizeram nada ainda? Por quê? Não pense que você é exclusividade deles. Para eles você é só um verme que deve morrer lentamente, agonizando, pedindo, implorando por sua vida inútil,
fracassada, sua vida de altos, porém muitos baixos; sua vida sem parentes, sem pai, sem mãe. Minha família são os manos da gangue e é por isto que continuo nesta vida, me lembrando sempre “ Proteja os nossos, eles sempre os protegerão”.

Luís

 

Minha História
 
            Tudo começou quando nasci. Eu era negro. Meu destino já estava escrito: nascer, crescer, gangue e caixão.  Com dez anos achei uma arma, peguei-a e fui intimidar os
brancos. Dei três tiros e um caiu. Fugi. De madruga ouvi umas batidas. Era a polícia. Revistaram toda a casa e acharam uma arma. Levaram meu pai. Ele pegou quinze anos. A raiva subiu à minha cabeça. Entrei numa gangue. Ali o negócio era matar ou morrer. Resolvi matar. Em uma dessas idas e vindas acabei me encrencando. Fui preso.
            Passaram-se cinco anos e o promotor me deu uma chance. “Você terá que frequentar a escola, senão vai voltará para cá.”  Fui à escola e sempre me metia em confusão. Até que chegou uma professora que acreditou em mim. Com o passar do tempo fiz vários amigos  e parei de brigar.  Acho que minha vida começou a fazer sentido...

JOÃO PEDRO

              Olhos....
    Em cima deste telhado tudo é tão frio. Posso ver que as coisas não são mais as mesmas. Não podemos andar nas ruas com calma, não podemos dormir sossegados sem ouvir nenhum barulho de tiros. Não há mais famílias felizes.  Os olhos da cidade contam as lágrimas que caem. Cada uma é uma promessa, uma promessa de que tudo irá melhorar e tudo ficará bem.
    Ainda existe guerra. Pessoas andam armadas e com medo. Espero que um dia tudo melhore. Pergunto-me  que futuro poderei dar a meus filhos. Fecho meus olhos, tentando buscar respostas. Abro-os  novamente e vejo um mundo, um mundo novo, diferente, melhor.
    Puxa! Mas tudo isso só faz parte da minha imaginação. E eu não sei por quanto tempo isso vai durar.
 Amanda Veloso

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