DAIANE FAGHERAZZI
- PALESTRANTE, LINGUISTA, EDUCADORA E ESTUDIOSA DA CULTURA ITALIANA
- Farroupilha, Rio Grande do Sul, Brazil
- Formada em Letras/Português (PUCRS - 1998/2002) com Pós-Graduação no Ensino de Língua Portuguesa (PUCRS - 2003/2004) e Mestrado em Linguística Aplicada (PUCRS - 2006/2007).
sexta-feira, 29 de junho de 2012
domingo, 17 de junho de 2012
Zaino - Riciene FAgherazzi - minha mãe
ZAINO
Zaino
e eu nos criamos em meio às pastagens respirando a liberdade,
refletidos na pura água da sanga. Como andantes de sonhos e
distâncias há momentos que a infância se faz presente e queremos
nos banhar na fonte da esperança.
Hoje
quero rever o meu pago. Mas há sede nos rios, nos açudes, nos
banhados dos salpicados de garças e auroras.
Agora o ar quer respirar e troteando devagarito, ergo meus olhos para
o céu e, como uma oração, peço que ali naquele galpão, as cuias,
passando de mão em mão, tragam algo mais que o saborear da erva.
Seiva
amarga ou doce, não importa, mas que tenha na sua essência o cheiro
da terra, o verde do campo. E o mais importante, a convivência e a
união. O verde, a chuva continuarão, se preservarmos o que ganhamos
num desses dias em que o sol se punha despacito eu o vento assoviava
por entre os campos e arvoredos. E o quero-quero, ah!, esse dizia “
quero...quero...agradecer.”
Hoje
no seu cantar talvez queira dizer “quero, quero, quero que volte o
verde regado pela água pura.” Hoje me uno a ele e canto “ Quero
rever o meu rincão e por instantes trotear com meu zaino.
domingo, 3 de junho de 2012
RAPS DOS ALUNOS
RAPS DOS ALUNOS - Daiane Fagherazzi
Partindo da música "Linhas
Tortas", de Gabriel Pensador, foi feito um debate sobre rap e uma reflexão sobre
o texto. Depois os alunos foram convidados a desenvolver em duplas e trios
seus próprios raps.
LINHAS TORTAS - GABRIEL PENSADOR
Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me
tiram o sonho. Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho. Não
sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono, do verdadeiro Patrão, do
verdadeiro Patrono.
- Cancelei um trabalho aí pra não me
aborrecer.
- Explica isso melhor, o que foi que você
fez?
- Tá tudo bem, eu explico pra vocês:
Tudo começou na aula de português. Eu tinha
uns cinco anos, ou talvez uns seis. Comecei a escrever, aprendi a ortografia.
Depois as redações, para a nossa alegria. Professora dava tema-livre, eu
demorava pra escolher um tema, mas depois eu viajava. E nessas viagens, os
personagens surgiam, pensavam, sentiam, choravam, sorriam. Aí a minha tia-avó,
veja só você me deu de aniversário uma máquina de escrever. Eu me senti um baita
jornalista, tchê, que nem a minha mãe, que trabalhava na TV. Depois, já aos
quinze, mas com muita timidez fiquei muito sem graça com o que a professora fez.
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir. Até fiquei feliz mas com
vontade de fugir. Então eu descobri que já nasci com esse problema. Eu gosto de
escrever, eu gosto de escrever, crer ver. Ver, crer, eu gosto de escrever e
escrevo até até poema. Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso. Na feira eu
vendo livro, no show eu vendo ingresso. Na loja eu vendo disco, já vendi mais
de um milhão. Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão.
É, vovó dizia que eu já escrevia bem. Tentei me
controlar, me ocupar com um esporte, surf, futebol, mas não era o meu forte. Um
dia eu fiz uns raps e achei que tava bom. Me batizei de Pensador e quis fazer um
som. Ficar famoso e rico nunca foi minha meta. Minha mãe já era isso, eu só
queria ser poeta. Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA, formado em
medicina, não podia acreditar. Ao ver o seu garoto Gabriel com um fone nos
ouvidos viajando com a caneta no papel.
- O que você tá fazendo? Vai dormir,
moleque!
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um
rap!
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava
viciado naquilo. E viciei uma galera! Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e
verso. Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso. Na loja eu vendo
disco, já vendi mais de um milhão. Se isso for um crime, quero ir logo pra
prisão. Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó. Não tô vendendo fumo, não tô
vendendo cola. Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante. E vicia os
estudantes quando eu entro nas escolas até os professores às vezes se
contaminam. Copiam minhas letras e textos e disseminam sementes do que eu faço,
já não sei se é bom ou mau. Mas sei que muito aluno começa a fazer igual.
Escrevendo poemas, escrevendo redações, fazendo até uns raps e umas
apresentações. Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel. Solidão me
acompanha de hotel em hotel. Casamento acabou, eu perdi na estrada. O amor
que ainda tenho é o amor da palavra. É falar e cantar, despertar consciências.
Dediquei a vida a isso e maior recompensa. É servir de referência pra quem
pensa parecido. Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido. É olhar pra
minha frente e enxergar um mar de gente. E mergulhar no fundo dos seus corações
e mentes. É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas. É esse o meu
orgulho, escrever as minhas linhas. Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por
alguém. Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem. Escuto os corações,
como um cardiologista. Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista. Que
ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho. De cigarra e de formiga, e eu não
sei o quanto eu valho. Mas eu sei que quando eu ganho, divido e multiplico. E
quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico. Rico da riqueza verdadeira que é
de graça. Como um só sorriso que ilumina toda a praça. Sorriso emocionado de
um senhor experiente em pé há duas horas debaixo do sol quente. Ouvindo os meus
poemas em total sintonia. Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.
Eis
as obras dos alunos da sexta-série:
STÉFANI, BIANCA,
GABRIELE
Vamos
todos juntos num lugar especial
Vamos para um lugar onde tudo é
normal.
A música nos roda e a escrita nos
provoca.
A profissão nos contagia e a galera se
agita.
Nossa
família não entende, mas a gente compreende.
Todo mundo é viciado, mas ninguém é
drogado.
Nosso vício é o estudo que gira em torno
do mundo.
Ciência a gente procura.
Português a gente entende.
Inglês a gente compreende
E todo o resto a gente
aprende.
Nossa família nos entende e
agora.
Nos quer para sempre.
Ninguém nos julga
e todo mundo se ajuda.
Nossos sentimentos são ligados pelo
tempo.
Ninguém nos julga, ninguém tem medo.
Todo mundo tem sentimento.
Eu assisto à tv, desenho animado, terror,
comédia, romance e nisso sou viciado.
Minha mãe sempre dizia
você vai ser um orgulho para nossa
família.
ALANA
Histórias de
vida
Hoje
cheguei à aula e a professora me falou
um rap você vai ter que
apresentar.
Não sei o que é isso,
mas já que
estou aqui, vou tentar.
Peço que não dê risada, nem bata
palmas.
Não sou melhor que você.
Nem você é melhor que
ninguém.
Em um rap você pode expor sua vida.
Mas lhe aconselho, meu amigo,
cuidado com as palavras
proferidas.
Podem se tornam doloridas.
Me pai morreu e agora não está mais ao
meu lado.
Às vezes penso com o seria bom
Ter um camarada e receber um abraço
apertado.
A vida da gente é como um
quebra-cabeça.
Enquanto as peças não se encaixarem
Com a vida é difícil lidar.
Sem críticas, sem falar mal.
Só sou uma menina criando um rap
legal.
CAIO E
EDIOMAR
Morei na favela, joguei na
seleção.
Joguei com o Ronaldinho, porque jogar é
uma profissão.
Desejo felicidade para toda a multidão
que aplaudiu de
montão
quando Ronaldinho fez um gol para a seleção.
Argentina chorou de montão.
Muitos choram de felicidade
quando o capitão ergue a taça
com muita vibração,
chorando de
emoção.
Vou
voltar para casa, treinar
para mais raps criar,
e
meus colegas escutar.
A meus pais emocionar.
A galera vai delirar,
gritar meu nome sem parar.
É mais um desafio que eu consigo
realizar.
Eu gosto de criar raps, cantar e me valorizar
pra a solidão eu
espantar.
KAMILA E
CAROLINE
Aldeia global.
Com tudo o que escuto,
com tudo o que eu vejo.
Os maiores sonhos sou eu quem planeja.
Vida é para ser vivida.
Correndo atrás de uma lição.
Agora to ligada na minha missão.
Pensando no futuro,
Mas penso nas coisas certas
e digo, pô, eu também
acertei.
A minha rima não faço pra
humilhar
Faço pros manos se
conscientizar.
Lá na escola eu não tava nem aí.
Mas olha a rima que eu
escrevi.
Nas provas eu colava
e no final do ano me
prejudicava.
Minha mãe não entendia.
Mas eu compreendia.
No meu rap eu mando ver.
O resto a gente aprende
O resto a gente crê.
OTÁVIO DORNELES NUNES E NICKOLAS DE MELO
DORNELES DE LIMA
O que será que é português, religião?
Porque a sora só fala em nossa
dedicação.
Ela também fala sobre nosso paizão.
Apesar de eu não acreditar,
ela continua a falar.
É melhor aprender isso, que ir morar no lixão.
Às vezes o que a sora fala parece piração,
mas eu sei que tem coração.
Tem gente
que acredita, outras não.
Eu sou um que diz não.
Muita gente
gosta de brigar.
Eu prefiro conversar.
Muita gente gosta de
vingança.
Para mim a vingança nunca é
plena,
mata a alma e envenena.
Meu rap a sora disse que gostou.
Não posso desconfiar.
Eis que estou aqui para
apresentar.
BRUNO E
EVERTON
Antigamente era o pai e a mãe
que escolhiam nossa
profissão.
Nas salas de aula para os trabalhos há
instrução.
E os professores e diretores
oportunidades dão.
Queremos uma vida mais fácil e
melhor.
Nossos pais querem que nós
sejamos pessoas de ideais
elevados,
mesmo estando longe e
focados.
Há momentos em que ficamos distante
deles.
Mas é preciso encarar as
dificuldades.
e às vezes fugir de certas
amizades.
A família é importante.
Às vezes atrapalha nossos
sonhos.
Isso é um pouco enfadonho.
Mas tenho orgulho em dizer.
Como ela pode crescer.
Eu faço um rap, pode ver.
Decidi escrever, decidi vencer.
E isso é pra
valer.
GABRIEL E
BRYAN
O bem e o
mal
Eu já fiz
de tudo para ter meu ganha pão.
Nunca roubei, nunca fui
ladrão.
Meus pais me ensinaram o que é
bom
Fui aprendendo com o tempo que
a vida é mesmo assim.
Nunca vendi droga, nunca fui um
marginal.
Porque eu sabia que eu podia me dar
mal.
Já me convidaram para fazer coisas
“animal”
furtar e fumar não é o
canal.
Mas eu dizia sempre “não me leva a mal”.
Não sou disso, não.
Sei a diferença do bem e do
mal.
Sempre tive consciência do meu
potencial.
Agora estou aqui na maior
felicidade.
Fazendo meu rap com total
liberdade.
MARCIELLY E KASSIANE
CARVALHO
O
rap
Minha
profissão é ser estudante.
Tiro livro da estante a todo
instante.
Agora eu te explico, meu
irmão.
To na sexta-série, tenho muito a
aprender.
Levando tapa na cara, mas com a
certeza
que alguém na vida eu vou
ser.
Agora eu te aviso.
Não gosto que me critique.
E nem fale mal.
Somos só duas meninas criando
um rap de igual para igual.
Meu nome é Kassiane
E eu sou a Marcelly.
Somos as criadoras dessa nova composição
que dá moral.
BRUNA, ROCHELLE E
THIAGO
As
profissões
Vou
falar das profissões.
Essa é minha missão.
Vamos lá então.
Dentista faz obturação.
Para não termos mais dor, não.
E a professora Daiane nos instiga a
poetar.
O padeiro faz pão quentinho
para os fregueses mais
gulosinhos.
As empregadas limpam toda a
casa.
Deixam
um cheirinho gostoso até de madrugada.
As cozinheiras fazem ótimas
comidas.
Ai, que delícia, comemos até nas
avenidas.
O advogado nos defende da prisão.
Eles merecem muita
consideração.
O delegado cuida da nossa
cidade.
Que beleza, segurança à
sociedade.
O
vendedor vende e alegra muita gente.
Então vamos estudar para uma profissão
exercitar.
JOANA, KARINE,
KASSIANE
Na
escola aprendo a ABC.
Em casa só eu posso
saber.
Quando
era pequena
Ficava pensando quando eu iria me
formar.
Hoje
penso muito antes de uma
prova realizar.
Boa nota quero tirar para me orgulhar,
sim, me
valorizar.
Veja só, o futuro depende só de
mim.
Tenho um
propósito, e tudo tem um fim.
Quando eu era
pequena,
separava as
sílabas.
Agora
faço até poesia
Isso vale muito para
mim.
Vou me
dedicar e meu rap
apresentar.
Para um 10 eu ganhar
Partindo da música "Linhas
Tortas", de Gabriel Pensador, foi feito um debate sobre rap e uma reflexão sobre
o texto. Depois os alunos foram convidados a desenvolver em duplas e trios
seus próprios raps.
LINHAS TORTAS - GABRIEL PENSADOR
Eis as obras dos alunos da sexta-série:
STÉFANI, BIANCA, GABRIELE
Vamos todos juntos num lugar especial
Hoje cheguei à aula e a professora me falou
um rap você vai ter que apresentar.
Não sei o que é isso,
mas já que estou aqui, vou tentar.
Joguei com o Ronaldinho, porque jogar é uma profissão.
Desejo felicidade para toda a multidão que aplaudiu de montão
BRUNO E EVERTON
Antigamente era o pai e a mãe
Eu já fiz de tudo para ter meu ganha pão.
MARCIELLY E KASSIANE CARVALHO
O rap
Minha profissão é ser estudante.
BRUNA, ROCHELLE E THIAGO
As
profissões
Vou falar das profissões.
Então vamos estudar para uma profissão exercitar.
Em casa só eu posso saber.
Quando era pequena
Ficava pensando quando eu iria me formar.
Hoje penso muito antes de uma prova realizar.
Boa nota quero tirar para me orgulhar,
sim, me valorizar.
Veja só, o futuro depende só de mim.
Tenho um propósito, e tudo tem um fim.
Quando eu era pequena,
separava as sílabas.
Agora faço até poesia
Isso vale muito para mim.
Vou me dedicar e meu rap apresentar.
Para um 10 eu ganhar
LINHAS TORTAS - GABRIEL PENSADOR
Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me
tiram o sonho. Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho. Não
sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono, do verdadeiro Patrão, do
verdadeiro Patrono.
- Cancelei um trabalho aí pra não me
aborrecer.
- Explica isso melhor, o que foi que você
fez?
- Tá tudo bem, eu explico pra vocês:
Tudo começou na aula de português. Eu tinha
uns cinco anos, ou talvez uns seis. Comecei a escrever, aprendi a ortografia.
Depois as redações, para a nossa alegria. Professora dava tema-livre, eu
demorava pra escolher um tema, mas depois eu viajava. E nessas viagens, os
personagens surgiam, pensavam, sentiam, choravam, sorriam. Aí a minha tia-avó,
veja só você me deu de aniversário uma máquina de escrever. Eu me senti um baita
jornalista, tchê, que nem a minha mãe, que trabalhava na TV. Depois, já aos
quinze, mas com muita timidez fiquei muito sem graça com o que a professora fez.
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir. Até fiquei feliz mas com
vontade de fugir. Então eu descobri que já nasci com esse problema. Eu gosto de
escrever, eu gosto de escrever, crer ver. Ver, crer, eu gosto de escrever e
escrevo até até poema. Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso. Na feira eu
vendo livro, no show eu vendo ingresso. Na loja eu vendo disco, já vendi mais
de um milhão. Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão.
É, vovó dizia que eu já escrevia bem. Tentei me
controlar, me ocupar com um esporte, surf, futebol, mas não era o meu forte. Um
dia eu fiz uns raps e achei que tava bom. Me batizei de Pensador e quis fazer um
som. Ficar famoso e rico nunca foi minha meta. Minha mãe já era isso, eu só
queria ser poeta. Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA, formado em
medicina, não podia acreditar. Ao ver o seu garoto Gabriel com um fone nos
ouvidos viajando com a caneta no papel.
- O que você tá fazendo? Vai dormir,
moleque!
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um
rap!
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava
viciado naquilo. E viciei uma galera! Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e
verso. Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso. Na loja eu vendo
disco, já vendi mais de um milhão. Se isso for um crime, quero ir logo pra
prisão. Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó. Não tô vendendo fumo, não tô
vendendo cola. Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante. E vicia os
estudantes quando eu entro nas escolas até os professores às vezes se
contaminam. Copiam minhas letras e textos e disseminam sementes do que eu faço,
já não sei se é bom ou mau. Mas sei que muito aluno começa a fazer igual.
Escrevendo poemas, escrevendo redações, fazendo até uns raps e umas
apresentações. Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel. Solidão me
acompanha de hotel em hotel. Casamento acabou, eu perdi na estrada. O amor
que ainda tenho é o amor da palavra. É falar e cantar, despertar consciências.
Dediquei a vida a isso e maior recompensa. É servir de referência pra quem
pensa parecido. Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido. É olhar pra
minha frente e enxergar um mar de gente. E mergulhar no fundo dos seus corações
e mentes. É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas. É esse o meu
orgulho, escrever as minhas linhas. Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por
alguém. Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem. Escuto os corações,
como um cardiologista. Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista. Que
ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho. De cigarra e de formiga, e eu não
sei o quanto eu valho. Mas eu sei que quando eu ganho, divido e multiplico. E
quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico. Rico da riqueza verdadeira que é
de graça. Como um só sorriso que ilumina toda a praça. Sorriso emocionado de
um senhor experiente em pé há duas horas debaixo do sol quente. Ouvindo os meus
poemas em total sintonia. Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.
Eis as obras dos alunos da sexta-série:
STÉFANI, BIANCA, GABRIELE
Vamos todos juntos num lugar especial
Vamos para um lugar onde tudo é
normal.
A música nos roda e a escrita nos
provoca.
A profissão nos contagia e a galera se
agita.
Nossa
família não entende, mas a gente compreende.
Todo mundo é viciado, mas ninguém é
drogado.
Nosso vício é o estudo que gira em torno
do mundo.
Ciência a gente procura.
Português a gente entende.
Inglês a gente compreende
E todo o resto a gente
aprende.
Nossa família nos entende e
agora.
Nos quer para sempre.
Ninguém nos julga
e todo mundo se ajuda.
Nossos sentimentos são ligados pelo
tempo.
Ninguém nos julga, ninguém tem medo.
Todo mundo tem sentimento.
Eu assisto à tv, desenho animado, terror,
comédia, romance e nisso sou viciado.
Minha mãe sempre dizia
você vai ser um orgulho para nossa
família.
ALANA
Histórias de
vidaHoje cheguei à aula e a professora me falou
um rap você vai ter que apresentar.
Não sei o que é isso,
mas já que estou aqui, vou tentar.
Peço que não dê risada, nem bata
palmas.
Não sou melhor que você.
Nem você é melhor que
ninguém.
Em um rap você pode expor sua vida.
Mas lhe aconselho, meu amigo,
cuidado com as palavras
proferidas.
Podem se tornam doloridas.
Me pai morreu e agora não está mais ao
meu lado.
Às vezes penso com o seria bom
Ter um camarada e receber um abraço
apertado.
A vida da gente é como um
quebra-cabeça.
Enquanto as peças não se encaixarem
Com a vida é difícil lidar.
Sem críticas, sem falar mal.
Só sou uma menina criando um rap
legal.
CAIO E
EDIOMAR
Morei na favela, joguei na
seleção.Joguei com o Ronaldinho, porque jogar é uma profissão.
Desejo felicidade para toda a multidão que aplaudiu de montão
quando Ronaldinho fez um gol para a seleção.
Argentina chorou de montão.
Muitos choram de felicidade
quando o capitão ergue a taça
com muita vibração, chorando de emoção.
Vou
voltar para casa, treinar
para mais raps criar,com muita vibração, chorando de emoção.
e
meus colegas escutar.
A meus pais emocionar.
A galera vai delirar,
gritar meu nome sem parar.
É mais um desafio que eu consigo
realizar.
Eu gosto de criar raps, cantar e me valorizar
pra a solidão eu
espantar.
KAMILA E
CAROLINE
Aldeia global.
Com tudo o que escuto,
com tudo o que eu vejo.
Os maiores sonhos sou eu quem planeja.
Vida é para ser vivida.
Correndo atrás de uma lição.
Agora to ligada na minha missão.
Pensando no futuro,
Mas penso nas coisas certas
e digo, pô, eu também
acertei.
A minha rima não faço pra
humilhar
Faço pros manos se
conscientizar.
Lá na escola eu não tava nem aí.
Mas olha a rima que eu
escrevi.
Nas provas eu colava
e no final do ano me
prejudicava.
Minha mãe não entendia.
Mas eu compreendia.
No meu rap eu mando ver.
O resto a gente aprende
O resto a gente crê.
OTÁVIO DORNELES NUNES E NICKOLAS DE MELO
DORNELES DE LIMA
O que será que é português, religião?
Porque a sora só fala em nossa
dedicação.
Ela também fala sobre nosso paizão.
Apesar de eu não acreditar,
ela continua a falar.
É melhor aprender isso, que ir morar no lixão.
Às vezes o que a sora fala parece piração,
mas eu sei que tem coração.
Tem gente
que acredita, outras não.
Eu sou um que diz não.
Muita gente
gosta de brigar.
Eu prefiro conversar.
Muita gente gosta de
vingança.
Para mim a vingança nunca é
plena,
mata a alma e envenena.
Meu rap a sora disse que gostou.
Não posso desconfiar.
Eis que estou aqui para
apresentar.
BRUNO E EVERTON
Antigamente era o pai e a mãe
que escolhiam nossa
profissão.
Nas salas de aula para os trabalhos há
instrução.
E os professores e diretores
oportunidades dão.
Queremos uma vida mais fácil e
melhor.
Nossos pais querem que nós
sejamos pessoas de ideais
elevados,
mesmo estando longe e
focados.
Há momentos em que ficamos distante
deles.
Mas é preciso encarar as
dificuldades.
e às vezes fugir de certas
amizades.
A família é importante.
Às vezes atrapalha nossos
sonhos.
Isso é um pouco enfadonho.
Mas tenho orgulho em dizer.
Como ela pode crescer.
Eu faço um rap, pode ver.
Decidi escrever, decidi vencer.
E isso é pra
valer.
GABRIEL E
BRYAN
O bem e o
malEu já fiz de tudo para ter meu ganha pão.
Nunca roubei, nunca fui
ladrão.
Meus pais me ensinaram o que é
bom
Fui aprendendo com o tempo que
a vida é mesmo assim.
Nunca vendi droga, nunca fui um
marginal.
Porque eu sabia que eu podia me dar
mal.
Já me convidaram para fazer coisas
“animal”
furtar e fumar não é o
canal.
Mas eu dizia sempre “não me leva a mal”.
Não sou disso, não.
Sei a diferença do bem e do
mal.
Sempre tive consciência do meu
potencial.
Agora estou aqui na maior
felicidade.
Fazendo meu rap com total
liberdade.
MARCIELLY E KASSIANE CARVALHO
O rap
Minha profissão é ser estudante.
Tiro livro da estante a todo
instante.
Agora eu te explico, meu
irmão.
To na sexta-série, tenho muito a
aprender.
Levando tapa na cara, mas com a
certeza
que alguém na vida eu vou
ser.
Agora eu te aviso.
Não gosto que me critique.
E nem fale mal.
Somos só duas meninas criando
um rap de igual para igual.
Meu nome é Kassiane
E eu sou a Marcelly.
Somos as criadoras dessa nova composição
que dá moral.
BRUNA, ROCHELLE E THIAGO
Vou falar das profissões.
Essa é minha missão.
Vamos lá então.
Dentista faz obturação.
Para não termos mais dor, não.
E a professora Daiane nos instiga a
poetar.
O padeiro faz pão quentinho
para os fregueses mais
gulosinhos.
As empregadas limpam toda a
casa.
Deixam
um cheirinho gostoso até de madrugada.
As cozinheiras fazem ótimas
comidas.
Ai, que delícia, comemos até nas
avenidas.
O advogado nos defende da prisão.
Eles merecem muita
consideração.
O delegado cuida da nossa
cidade.
Que beleza, segurança à
sociedade.
O
vendedor vende e alegra muita gente.Então vamos estudar para uma profissão exercitar.
JOANA, KARINE,
KASSIANE
Na
escola aprendo a ABC.Em casa só eu posso saber.
Quando era pequena
Ficava pensando quando eu iria me formar.
Hoje penso muito antes de uma prova realizar.
Boa nota quero tirar para me orgulhar,
sim, me valorizar.
Veja só, o futuro depende só de mim.
Tenho um propósito, e tudo tem um fim.
Quando eu era pequena,
separava as sílabas.
Agora faço até poesia
Isso vale muito para mim.
Vou me dedicar e meu rap apresentar.
Para um 10 eu ganhar
Assinar:
Postagens (Atom)